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Realidade virtual no tratamento da dor: funciona mesmo?

Atualizado: há 2 dias

Dores crônicas, questões fisioterápicas e outras doenças e lesões entram em pesquisa através da tecnológica


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Pode parecer um episódio de Black Mirror, mas a Realidade Virtual (RV) vem se consolidando como uma ferramenta promissora na medicina, especialmente no tratamento da dor. O que antes soava futurista hoje tem respaldo científico crescente, com aplicações que vão desde o alívio de dores crônicas até o uso em procedimentos invasivos e fisioterapia. A tecnologia funciona de maneira relativamente simples: ao utilizar óculos de realidade virtual, o paciente é imerso em um ambiente digital interativo que desvia o foco da dor, criando uma sensação de presença em outro espaço. Essa imersão ativa regiões cerebrais associadas à percepção sensorial e emocional, modulando o modo como o sistema nervoso processa os estímulos dolorosos. Em outras palavras, atenção e emoção, quando redirecionadas, ajudam a reduzir a intensidade da dor percebida.


Estudos recentes reforçam a eficácia dessa abordagem. Uma revisão escopo publicada em 2025 apontou que a RV é eficaz na redução de dor crônica, embora os métodos e dispositivos utilizados variem bastante entre as pesquisas (PubMed, 2025). Em outro ensaio clínico, pacientes que participaram de sessões de RV por videoconferência, ao longo de cinco semanas, relataram reduções significativas na intensidade da dor, na ansiedade e na interferência da dor em suas atividades cotidianas, além de melhora do humor e da qualidade do sono (Nature, 2025). Um artigo de 2025, intitulado “Virtual reality as a transformative tool in pain management”, destacou ainda que o uso da RV pode diminuir a necessidade de analgésicos opioides e promover modulação da dor no nível cortical, reforçando seu potencial como ferramenta complementar no cuidado clínico (Annals of Medicine and Surgery, 2025).


Pesquisas de reabilitação física também têm mostrado resultados consistentes. Uma revisão sistemática recente evidenciou que o uso de RV em pacientes com condições musculoesqueléticas não apenas reduz a dor, mas também melhora a adesão ao tratamento e a motivação durante as sessões (Scientific Archives, 2025). Ainda que os protocolos e dispositivos variem bastante, o efeito benéfico da imersão é recorrente nos estudos.


No Brasil, o interesse pelo tema também cresce. Um estudo conduzido no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, avaliou o uso da Realidade Virtual em crianças submetidas à punção venosa. Os resultados foram expressivos: a média da escala de dor no grupo que utilizou RV caiu de 5,18 para 2,55 após o procedimento, enquanto no grupo controle, sem a tecnologia, a variação foi mínima (de 4,45 para 4,27). Além disso, 95,5% das crianças afirmaram ter gostado da experiência, 90,9% disseram que utilizariam novamente e 72,7% relataram redução da dor e da ansiedade (Residência Pediátrica, 2023). Outro estudo nacional mostrou achados semelhantes: crianças hospitalizadas que utilizaram RV durante a punção venosa relataram escores de dor predominantemente leves, e tanto os pacientes quanto seus responsáveis descreveram a experiência como positiva, com diminuição do medo e do estresse (UFPI, 2024).


Apesar dos resultados animadores, especialistas alertam para a necessidade de cautela. Ainda há grande heterogeneidade entre os estudos, tanto em relação aos tipos de óculos e softwares utilizados quanto à duração e frequência das sessões. Muitos experimentos contam com amostras pequenas e períodos curtos de acompanhamento, o que limita a generalização dos resultados. Além disso, há desafios práticos, como o custo dos equipamentos, a necessidade de treinamento das equipes e a adaptação dos protocolos clínicos para incorporar a RV de forma segura e padronizada.


Mesmo com essas limitações, o consenso entre pesquisadores é de que a Realidade Virtual representa um avanço concreto na forma como a dor é compreendida e tratada. Ao permitir que o paciente se desligue momentaneamente da sensação dolorosa e se envolva em um ambiente positivo e controlado, a tecnologia não apenas reduz o sofrimento físico, mas também melhora a experiência emocional e psicológica do tratamento. Como afirmou o professor Romero Tori, coordenador do Interlab (Laboratório de Tecnologias Interativas da Escola Politécnica da USP), “a RV tem potencial para transformar a relação do paciente com a própria dor”.


O futuro, portanto, caminha para um cuidado mais sensorial, interativo e humano — paradoxalmente mediado pela tecnologia. A Realidade Virtual não substitui o toque, a escuta ou o vínculo entre médico e paciente, mas se soma a eles. E se há algo que os dados e as experiências recentes já mostram com clareza, é que sentir menos dor, quando a tecnologia é bem aplicada, pode deixar de ser uma promessa distante para se tornar uma realidade muito presente.


REFERÊNCIAS: Revista Galileu (Globo), Journal of Medical Internet Research, Residência Pediátrica, Blog Dor Crônica

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