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Pesquisa oncológica em xeque e os riscos para a inovação

Atualizado: há 2 dias

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O alerta de cientistas sobre a fragilidade atual da pesquisa em câncer evidencia de forma contundente como ciência e inovação em saúde caminham juntas. Mais do que um debate acadêmico, trata-se de financiamento público estável, continuidade de programas de pesquisa e capacidade de formar e reter talentos em áreas críticas. Sempre que há desmonte ou descontinuidade de iniciativas científicas, os impactos não são apenas laboratoriais, mas também clínicos, econômicos e sociais. O que se projeta em oncologia serve de lição global: quando a ciência perde sustentação, a inovação desacelera.


A pesquisa em câncer é altamente dependente de infraestrutura complexa, grandes bases de dados populacionais e ensaios clínicos de longo prazo. Esses ativos são essenciais para validar biomarcadores, desenvolver terapias inovadoras e alimentar a regulação de novos medicamentos e tecnologias. Uma vez interrompidos, levam anos — às vezes décadas — para serem recompostos. A ciência não se reconstrói rapidamente; laboratórios desativados, linhas de pesquisa abandonadas e fuga de talentos têm efeitos cumulativos.


Para o Brasil, a relevância é direta. O país investe menos de 1,3% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, índice inferior ao de nações líderes em inovação em saúde. O risco é duplo: dependência tecnológica externa e incapacidade de responder a desafios locais, como as especificidades epidemiológicas do câncer em nossa população. Sem pesquisa local consistente, permanecemos dependentes de evidências externas e vulneráveis a adoções tardias ou mal adaptadas de terapias.


Do ponto de vista clínico, a fragilidade da pesquisa impacta diretamente a incorporação de novas terapias. A oncologia contemporânea se baseia em terapias-alvo, imunoterapias e medicina personalizada, todas dependentes de ensaios clínicos robustos e de centros de pesquisa integrados internacionalmente. Sem essa base, corremos o risco de estar sempre na periferia da inovação, adotando tecnologias de forma reativa e com menos benefícios para os pacientes.


No campo regulatório, a falta de pesquisa compromete a agilidade e a qualidade das decisões de órgãos como a Anvisa. Aprovar terapias inovadoras com rapidez e segurança exige dados locais, estudos multicêntricos e capacidade de avaliar custo-efetividade em cenários reais. Sem ciência nacional forte, ficamos reféns de informações externas e de interesses comerciais.


Economicamente, a ausência de investimento consistente em pesquisa reduz nossa competitividade e limita a criação de ecossistemas de inovação. Países que apostam em ciência em saúde não apenas melhoram seus indicadores clínicos, mas também fomentam indústrias de biotecnologia, startups e cadeias de valor ligadas à economia do conhecimento. No Brasil, fortalecer a pesquisa científica deve ser visto como estratégia de desenvolvimento e soberania, não como custo.


Olhando para frente, a principal lição é a importância de estabilidade e previsibilidade na política científica. Mudanças de gestão ou de prioridades não podem significar paralisação de programas estratégicos. O país precisa de uma política de Estado para a pesquisa em saúde, com financiamento plurianual, metas claras e avaliação transparente. Também é fundamental fortalecer a integração entre universidades, hospitais e indústria, criando ecossistemas que sobrevivam a ciclos de mercado.


Se quisermos que a inovação em saúde seja uma realidade no Brasil, precisamos tratar a ciência como ativo estratégico. A oncologia mostra com clareza: sem continuidade em pesquisa, o futuro da inovação se torna frágil. O que está em jogo não é apenas produzir artigos científicos, mas garantir que tenhamos capacidade de desenvolver terapias, regular tecnologias com base em dados locais e criar modelos de negócio sustentáveis. O futuro da saúde depende de visão de longo prazo e compromisso consistente com o conhecimento.


REFERÊNCIAS: O Globo, Banco Mundial, UNESCO.

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