A reinvenção das relações de trabalho e as novas tecnologias
- Marco Bego

- 7 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 2 dias
Especialistas e estudiosos comentam que presença física não é sinônimo de produtividade

O recente episódio envolvendo o banco Itaú reacendeu uma discussão que parece longe de se esgotar: afinal, qual o melhor modelo de trabalho? Presencial, remoto ou híbrido? Especialistas criticam o monitoramento excessivo, a falta de feedback aos funcionários, e comentam que estar fisicamente em um local não indica necessariamente um alto índice de positividade, como comentou Piero Franceschi, sócio da StartSe, em redes.
Segundo informações do Sindicato dos Bancários, a instituição desligou cerca de 1.000 funcionários que atuavam em regime remoto ou híbrido, após uma revisão interna de produtividade. A justificativa oficial foi direta: os colaboradores apresentavam “padrões incompatíveis com os princípios de confiança”.
Esse episódio nos leva a refletir sobre um ponto crucial: a presença física no escritório garante, de fato, maior produtividade e engajamento? Basta circular por ambientes corporativos tradicionais para perceber que não é raro encontrar funcionários cumprindo suas horas sem necessariamente entregar resultados significativos. Os chamados “zumbis corporativos” ocupam cadeiras, mas não necessariamente produzem valor.
O trabalho remoto trouxe ganhos inegáveis com a redução de tempo de deslocamentos e mais qualidade de vida; maior autonomia e flexibilidade para o empregado e a possibilidade de atrair talentos sem barreiras geográficas.
O desafio está em construir modelos de confiança e métricas de resultado que não dependam apenas da observação física do colaborador. O caso Itaú reflete um ponto de virada no mundo do trabalho. Se antes a ênfase estava no “cumprir jornada”, hoje a exigência é clara: entregar valor, onde quer que se esteja.
Isso exige inovação nas relações trabalhistas:
→ Novos sistemas de avaliação baseados em performance e não em horas de presença;
→ Cultura de confiança e transparência, com metas claras e feedbacks constantes;
→ Equilíbrio entre flexibilidade e responsabilidade, alinhando expectativas tanto da empresa quanto do colaborador.
Mais do que nunca, líderes precisam se adaptar para gerir times distribuídos. Isso significa desenvolver competências de comunicação digital, acompanhamento por indicadores e criação de rituais que mantenham a conexão da equipe.
A empresa considera o uso de mouse ou teclado, de softwares licenciados, se entrou em chamadas de vídeo, enviou mensagens, fez cursos à distância, dentre outras métricas.
De acordo com muitos especialistas, o trabalho remoto exige disciplina, flexibilidade e confiança mútua. O monitoramento deve ser entendido como ferramenta de acompanhamento de resultados, porém sempre com respeito aos direitos e à privacidade do trabalhador. Ou seja, devem ser comunicados e esclarecidos com antecedência.
A demissão em massa no Itaú, seja vista como um choque necessário ou um retrocesso, traz uma mensagem clara: a discussão sobre o futuro do trabalho está apenas começando.
O que está em jogo não é apenas onde trabalhamos, mas como entregamos, colaboramos e construímos confiança em tempos de mudança.
REFERÊNCIAS: G1 Notícias, BBC News, Intercept, SP Bancários












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