Estetoscópio com Inteligência Artificial realiza diagnósticos cardíacos em 15 segundos
- Inova na Real

- 3 de nov.
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Atualizado: 17 de nov.
Esta inovação representa um avanço na medicina diagnóstica, combinando a simplicidade do estetoscópio tradicional com o poder analítico da IA.

As doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 17 milhões de óbitos anuais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Pesquisadores do Imperial College London e do Imperial College Healthcare NHS Trust, com apoio da British Heart Foundation (BHF) e do National Institute for Health and Care Research (NIHR), desenvolveram uma tecnologia que promete revolucionar o diagnóstico cardiológico: um estetoscópio inteligente, criado em parceria com a empresa Eko Health, capaz de analisar o som e o ritmo cardíaco de forma automatizada e extremamente rápida.
Essa ferramenta identifica pequenas alterações do ritmo cardíaco e do fluxo sanguíneo que, de outra forma, seriam indetectáveis ao ouvido humano. Isso permite que os médicos reconheçam potenciais problemas no coração com rapidez suficiente para que os pacientes recebam avaliação precoce e adequada.
O dispositivo combina sensores acústicos de alta precisão, um microfone e algoritmos de aprendizado de máquina. Ao ser colocado sobre o peito do paciente, o aparelho realiza um eletrocardiograma (ECG) instantâneo e simultaneamente grava o fluxo sanguíneo e os sons cardíacos.
No ensaio em ambiente real, o dispositivo foi testado em cerca de 200 consultórios de clínica geral do Reino Unido, abrangendo uma população de mais de 1,5 milhão de pessoas, e incluindo aproximadamente 12,700 pacientes avaliados diretamente. O estudo envolveu indivíduos com sintomas sugestivos de insuficiência cardíaca — como fadiga, falta de ar ou inchaço nas pernas — e comparou os resultados com o cuidado tradicional.
A partir desses dados, o sistema de IA analisa variações mínimas nos batimentos — muitas vezes imperceptíveis ao ouvido humano — e fornece um diagnóstico preliminar em até 15 segundos. Pacientes avaliados com o estetoscópio de IA tiveram duas vezes mais chances de serem diagnosticados com insuficiência cardíaca, três vezes mais chances de diagnóstico de fibrilação atrial (um tipo de arritmia que aumenta o risco de AVC) e quase o dobro de chances de identificar doença da válvula cardíaca em estágio inicial.
Esses resultados indicam que o dispositivo tem potencial para melhorar a acurácia diagnóstica, antecipar tratamentos e reduzir internações e óbitos evitáveis. O avanço representa uma transição importante na cardiologia moderna: o estetoscópio deixa de ser apenas um instrumento de escuta e passa a atuar como uma ferramenta analítica inteligente.
A integração entre IA e exames físicos tradicionais permite identificar anomalias cardíacas antes que causem sintomas graves, democratizando o acesso ao diagnóstico em consultas de rotina, especialmente em locais com menos recursos tecnológicos.
Além disso, a tecnologia reduz o tempo de triagem e pode ser incorporada a sistemas de saúde pública, melhorando fluxos de atendimento e prevenindo emergências.
Contudo, os pesquisadores ressaltam que o dispositivo deve ser utilizado em pacientes que apresentem sintomas cardíacos suspeitos, e não como triagem universal em pessoas assintomáticas. Em muitos casos, os resultados iniciais precisam ser confirmados com exames complementares — e cerca de dois terços dos pacientes inicialmente sinalizados com possível insuficiência cardíaca foram posteriormente considerados sem a condição após testes adicionais.
O estetoscópio inteligente desenvolvido pelo Imperial College London e pelo NHS representa um marco na evolução da medicina diagnóstica. Sua capacidade de identificar doenças cardíacas em apenas 15 segundos oferece uma poderosa ferramenta para o diagnóstico precoce e a prevenção de eventos fatais — embora o uso em larga escala ainda dependa de novas validações clínicas e regulatórias.
Combinando a tradição do estetoscópio com a tecnologia de ponta da IA, esta inovação reforça o papel da ciência na busca por uma medicina mais ágil, precisa e acessível. O sucesso inicial do projeto abre caminho para a expansão da tecnologia a outros sistemas de saúde e especialidades médicas, transformando o futuro da cardiologia e da prática clínica como um todo.
REFERÊNCIAS: Notícias R7, British Heart Foundation, National Institute for Health and Care Research, Época Negócios, Fast Company Brasil












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