Brasil lança o projeto “Genomas 2025” e dá passo histórico rumo à medicina personalizada
- Inova na Real

- 10 de nov.
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Atualizado: 17 de nov.
Projeto tem o intuito de mapear o genoma da população para desenvolver diagnósticos e tratamentos apropriados para cada paciente

O avanço da genômica e da inteligência artificial está abrindo um novo capítulo na medicina. O “Genomas Brasil 2025” surge como uma iniciativa estratégica que busca criar o primeiro banco nacional de dados genômicos, reunindo informações genéticas de brasileiros para impulsionar pesquisas, diagnósticos e tratamentos mais precisos. O projeto tem como objetivo mapear o DNA da população brasileira, respeitando a diversidade genética do país, para compreender melhor como fatores genéticos influenciam doenças, respostas a medicamentos e predisposições hereditárias.
A partir desses dados, será possível desenvolver tratamentos mais eficazes dentro da área da saúde e promover avanços significativos em áreas como oncologia, cardiologia, doenças raras e medicina preventiva. O Brasil é um dos países com maior diversidade genética do mundo, resultado de séculos de miscigenação entre diversas populações. Essa diversidade também representa um desafio para a medicina. Grande parte dos estudos genéticos usados hoje para o desenvolvimento de medicamentos e diagnósticos é baseada principalmente na população europeia e norte-americana.
O Genomas Brasil 2025 pretende preencher essa lacuna, criando um banco de dados que reflita a realidade genética do povo brasileiro. Com isso, pesquisadores e profissionais de saúde poderão identificar marcadores genéticos específicos da população nacional, permitindo diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados. Um banco nacional de genomas pode transformar a gestão da saúde pública.
Com acesso a dados genéticos anonimizados e integrados a informações clínicas, o sistema de saúde poderá antecipar riscos populacionais e planejar ações preventivas mais direcionadas. Por exemplo, será possível identificar grupos com maior propensão a desenvolver determinados tipos de câncer, doenças cardiovasculares ou distúrbios metabólicos, permitindo o monitoramento precoce e a adoção de políticas de prevenção. Além disso, os dados podem ajudar a ajustar protocolos de medicação conforme o perfil genético de cada paciente, reduzindo efeitos adversos e aumentando a eficácia dos tratamentos.
Um dos pilares do Genomas Brasil 2025 é o compromisso com a segurança e a ética no uso das informações genéticas. Os dados prometem ser armazenados de forma segura, com rígidos protocolos de anonimização e criptografia, garantindo que nenhuma informação pessoal possa ser rastreada. O projeto também segue normas internacionais de bioética e contará com supervisão de comitês científicos e jurídicos para assegurar o uso responsável das informações.
A transparência será outro diferencial: os participantes do programa terão total controle sobre o uso de seus dados, podendo decidir como e quando contribuir com pesquisas científicas. Além de seu impacto na saúde, o Genomas Brasil 2025 representa um importante vetor de inovação e desenvolvimento econômico. O banco de dados genômicos abrirá oportunidades para startups, universidades e centros de pesquisa desenvolverem novas tecnologias em biotecnologia, farmacogenômica e medicina de precisão.
Empresas poderão utilizar os dados de forma ética e regulada para criar soluções inovadoras, como testes diagnósticos, terapias personalizadas e medicamentos sob medida. O projeto DNA do Brasil, que integra o Programa Genomas Brasil, visa contribuir para a saúde de precisão a partir de um retrato detalhado da variação genética brasileira. A indústria farmacêutica também poderá se beneficiar desses avanços.
A geneticista Lygia da Veiga Pereira, da USP e fundadora do projeto, em 2021 aproveitou os conhecimentos que adquiriu ao longo da carreira acadêmica para criar uma startup, a gen-t, agora financiada pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da FAPESP. “Estamos construindo uma infraestrutura de dados de saúde, estilo de vida e multiômicas, com 200 mil genomas, que poderá ser usada pela indústria para acelerar a busca por novos fármacos”, explica em entrevista para revista FAPESP.
REFERÊNCIAS: Nature, Annual Reviews, G1, Revista Pesquisa FAPESP, Boa Notícia Brasil












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