Aplicativos que ajudam a cuidar da saúde mental ganham espaço
- Inova na Real

- 2 de out.
- 3 min de leitura
Tecnologias de acesso ao apoio psicológico no cotidiano demonstram-se o futuro da terapia
A saúde mental tem se afirmado como componente central em qualquer política de saúde pública. Com o aumento expressivo de transtornos como ansiedade, depressão e estresse, há uma necessidade crescente de ferramentas seguras, acessíveis e respaldadas cientificamente. Aplicativos de saúde mental, com funcionalidades como diários de humor, monitoramento de sintomas, sessões remotas e suporte psicológico, emergem como parte desse cenário, oferecendo complementariedade à terapia presencial.
Segundo dados do Ministério da Previdência Social, em 2024 foram registradas 472.328 licenças médicas por transtornos mentais, o maior número da série histórica, representando um crescimento de cerca de 68% em relação a 2023. Esse aumento evidencia a magnitude do problema e a urgência de estratégias de atendimento que ultrapassem barreiras geográficas, financeiras e de estigma.
Diversos estudos — nacionais e internacionais — avaliam a efetividade desses aplicativos. Um levantamento recente publicado na JMIR Mental Health indicou que aproximadamente 70% dos usuários de apps de saúde mental relataram melhora nos sintomas de ansiedade e depressão após seis semanas de uso regular. No Brasil, plataformas como Zenklub se destacam: oferece psicoterapia online com centenas de especialistas e conteúdos de suporte emocional, meditação, podcasts, diário emocional, etc., mostrando crescimento de demanda e satisfação entre os usuários.
Entre os apps mais utilizados globalmente e também acessíveis no Brasil, temos:
Zenklub: consultas remotas, conteúdo de saúde emocional, meditação, etc.
Stop, Breathe & Think: foco em mindfulness, autoavaliações e exercícios respiratórios.
Headspace: meditação guiada, foco no sono, redução de estresse.
Essas plataformas têm mostrado eficácia especialmente em quadros leves a moderados, sendo aliadas importantes para prevenção de agravamento, suporte entre sessões presenciais e promoção de autocuidado. Entretanto, para casos graves de transtornos mentais, terapia presencial, acompanhamento psiquiátrico ou multidisciplinar continuam indispensáveis.
Do ponto de vista técnico, alguns desafios ainda precisam ser enfrentados para que os aplicativos de saúde mental se consolidem de forma ampla no Brasil. A validação clínica é uma das principais questões, já que muitos desses recursos ainda carecem de estudos longitudinais robustos conduzidos em território nacional, capazes de comparar seus resultados diretamente com terapias tradicionais. Outro ponto sensível é a segurança e a privacidade de dados, que exigem mecanismos de criptografia, anonimização e total conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a fim de proteger informações altamente sensíveis dos usuários.
Além disso, a integração com sistemas de saúde representa um obstáculo relevante, visto que a adoção em larga escala depende da possibilidade de conexão com prontuários eletrônicos, regulação profissional e protocolos clínicos bem definidos. Por fim, a regulação e o credenciamento ainda estão em construção, sendo fundamental estabelecer critérios claros que permitam o reconhecimento dessas ferramentas por conselhos de saúde, operadoras de planos e políticas públicas.
Apesar dos desafios técnicos e regulatórios, os aplicativos de saúde mental se consolidam como um exemplo claro de inovação na área da psicologia e da saúde. Ao ampliar o acesso e democratizar o acompanhamento terapêutico, essas ferramentas mostram como a tecnologia pode transformar práticas tradicionais e gerar novas possibilidades de cuidado. Embora não substituam integralmente a terapia presencial em casos mais graves, configuram-se como recursos eficazes para prevenção, suporte contínuo e promoção da saúde emocional. O fortalecimento de pesquisas nacionais, aliado à definição de protocolos e regulamentações adequadas, será determinante para que essa inovação alcance todo o seu potencial dentro do sistema de saúde brasileiro.












Comentários