Aplicativo para detectar Alzheimer a partir de olhar: tecnologia que antecipa o diagnóstico
- Inova na Real

- 21 de out.
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Atualizado: há 7 dias
A ferramenta funcionará para manejar melhor a doença e viabilizar intervenções mais eficazes

O Brasil está num processo acelerado de envelhecimento populacional, e entre os desafios mais urgentes está o aumento dos casos de demência, sobretudo da Doença de Alzheimer. Estudos brasileiros apontam que cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais já convive com demência de qualquer causa, o que correspondia a aproximadamente 2,46 milhões de pessoas em 2019. Além disso, projeções calculam que esse número pode chegar a 5,66 milhões de pessoas com demência em 2050 no Brasil.
Diante desse cenário, pesquisadores como o Paulo Schor estão à frente de uma iniciativa tecnológica promissora: um aplicativo capaz de identificar sinais precoces de Alzheimer por meio de uma “selfie do olho”. A lógica é simples e poderosa: câmeras de smartphones capturam variações no diâmetro pupilar, movimentos oculares ou padrões sutis de fixação, que podem servir como biomarcadores digitais para alterações neurológicas antes que os sintomas clínicos se manifestem amplamente.
A resolução e taxa de quadros das câmeras modernas permitem capturar micro-movimentos e fixações oculares que antes exigiam equipamentos especializados. Inovações internacionais já validaram conceitos semelhantes: por exemplo, um estudo de 2023 da JMIR usou a combinação de movimento manual e ocular em realidade virtual para triagem de comprometimento cognitivo leve (MCI) com alta acurácia (93%) em um cenário controlado.
No Brasil, uma vantagem adicional: pesquisas apontam que até 59,5% dos casos de demência poderiam estar associados a 14 fatores de risco modificáveis, como menor escolaridade, déficit visual não tratado, depressão na meia-idade, e, portanto, iniciativas tecnológicas + prevenção têm espaço real de impacto.
Essa tecnologia se encaixa num contexto mais amplo de convergência entre neurociência, IA e saúde digital. O Brasil já aposta em políticas e planos nacionais para pessoas com demência, como a aprovação da Política Nacional de Cuidado Abrangente para Pessoas com Alzheimer e Outras Demências.
Um relatório destaca que, de 2019 a 2049, a estimativa é que o número de pessoas com demência no Brasil aumente para 8,74 milhões. Em paralelo, tecnologias que utilizam o olhar (tracking ocular), aprendizado de máquina e sensores simples estão emergindo como ferramentas acessíveis, o que é particularmente relevante num país com realidades regionais muito diversas.
Essa inovação promete diagnóstico mais precoce, já que a identificação antes de sintomas visíveis pode implicar em intervenções mais eficazes, medicamentos, mudanças de estilo de vida e suporte cognitivo. Também oferece maior alcance e acessibilidade, pois um app validado pode ser usado em ambientes domésticos ou de atenção primária, reduzindo barreiras regionais.
Se um app que “lê o olhar” abrir caminho para detectar Alzheimer antes dos sintomas graves, estamos diante não apenas de uma inovação incremental, mas de uma metáfora do que a saúde digital pode fazer: combinar ciência, tecnologia e impacto humano de forma integrada. E para o Brasil, com sua demografia, desigualdades e desafios de acesso, isso faz ainda mais sentido.
REFERÊNCIAS: Revistas USP, Jornal da USP, News Medical Life Sciences, IBIS - Brazilian Health Innovation Institute












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