Alzheimer: nova proteína pode antecipar diagnóstico em décadas
- Inova na Real

- 14 de out.
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Atualizado: há 2 dias
Proteína TSPO sinaliza Alzheimer décadas antes dos sintomas, abrindo caminho para diagnósticos e tratamentos precoces.

O Alzheimer, uma das doenças neurodegenerativas mais desafiadoras da medicina moderna, pode ser detectado muito antes do surgimento dos primeiros sintomas, graças a avanços recentes na identificação de biomarcadores cerebrais.
Um estudo conduzido pela Universidade Internacional da Flórida (FIU), publicado no periódico Acta Neuropathologica, aponta a proteína TSPO (translocator protein 18 kDa) como um dos marcadores mais precoces da doença e um possível alvo para futuros tratamentos. A TSPO se eleva nos estágios iniciais de inflamação cerebral, um processo que antecede a perda de memória e o declínio cognitivo, e pode ser detectada em exames de imagem com grande intensidade em regiões críticas do cérebro, como o hipocampo, essencial para aprendizado e memória.
Segundo a pesquisa, liderada por Tomás R. Guilarte, reitor da Faculdade Robert Stempel de Saúde Pública e Serviço Social da FIU, a TSPO surge simultaneamente aos primeiros depósitos de placas de amiloide no subículo, região do hipocampo, sinalizando o início do processo neurodegenerativo. Esses achados foram obtidos em testes com camundongos e confirmados em tecidos humanos, incluindo pacientes portadores da mutação Paisa, forma hereditária rara de Alzheimer estudada na Colômbia. Um dado relevante observado é que níveis mais elevados da proteína foram detectados em mulheres, o que corrobora estatísticas que mostram que dois terços dos pacientes de Alzheimer são do sexo feminino.
A pesquisa evidencia que a neuroinflamação desempenha um papel central em todos os tipos de Alzheimer, incluindo os casos mais comuns e de início tardio. Com a identificação de biomarcadores como a TSPO, é possível vislumbrar ferramentas de diagnóstico precoce e tratamentos personalizados, capazes de atrasar o surgimento de sintomas por anos, aumentando a janela de intervenção e potencialmente melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Atualmente, o diagnóstico de Alzheimer geralmente ocorre apenas após o aparecimento de sintomas clínicos, quando a progressão da doença já está em curso. Técnicas que permitam a detecção precoce, seja por biomarcadores no sangue, líquido cefalorraquidiano ou exames de imagem, representam um avanço crucial na medicina preventiva. Estimativas da Alzheimer’s Association indicam que atualmente mais de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência no mundo, número que pode chegar a 139 milhões até 2050 se nenhuma intervenção eficaz for aplicada.
O próximo passo da pesquisa é expandir a análise para casos de Alzheimer esporádico, mais comuns na população geral, consolidando a base científica para estratégias de prevenção, monitoramento e tratamento precoce da doença. Com isso, pacientes e médicos ganham uma nova ferramenta para planejar cuidados, retardar a progressão e, sobretudo, melhorar a qualidade de vida de quem convive com Alzheimer.
O estudo reforça a importância de combinar biomarcadores, neuroimagem e inteligência artificial para transformar o diagnóstico e o tratamento das doenças neurodegenerativas, abrindo caminho para um futuro em que a detecção precoce seja a regra e não a exceção.
REFERÊNCIAS: Exame, Correio Braziliense












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