O futuro do cuidado: tendências que vão impactar a saúde até 2030

Até 2030, a saúde brasileira será mais conectada, personalizada e acessível, impulsionada por inovações tecnológicas, novas políticas públicas e uma abordagem centrada no paciente

A saúde está em plena transformação. A pandemia de COVID-19 acelerou a digitalização dos serviços e reorientou a atenção para o bem-estar integral. Projeções indicam que, até 2030, o setor passará por mudanças profundas, impulsionadas por avanços tecnológicos, mudanças demográficas e novos modelos de gestão.

1. Inteligência Artificial como Aliada no Diagnóstico

Hospitais brasileiros já utilizam algoritmos para apoiar radiologistas e patologistas na interpretação de exames com mais precisão e agilidade. A reportagem do HCor, por exemplo, mostra que sua Central de Telemedicina emite laudos de eletrocardiograma à distância para 285 unidades de saúde (incluindo UPAs e SAMU), com cerca de 22 mil laudos por mês, totalizando quase 1 milhão de laudos emitidos à distância desde o início do projeto em 2009. Esse tipo de serviço já consegue emitir laudos em até 10 minutos após o recebimento do exame pela central.  

2. Medicina Personalizada e Genômica

O estudo Genoma de Referência do Brasileiro, promovido pelo Ministério da Saúde em parceria com a USP, sequenciou, na primeira fase, os genomas de 2.723 brasileiros e identificou mais de 8 milhões de variantes genéticas desconhecidas até então, muitas delas com possível impacto para doenças metabólicas, cardíacas e infecciosas. Esse mapeamento reforça a urgência de tratamentos personalizados que reflitam a diversidade genética da população brasileira.  

3. Telemedicina e Monitoramento Remoto

A teleconsulta emergiu como alternativa emergencial durante a pandemia, mas já está se integrando ao modelo contínuo de cuidado. Serviços como o de telecardiologia do HCor mostram que exames de ECG são enviados por UPAs e SAMU de todo o país, com laudos analisados mensalmente e respostas rápidas, o que tem impactado o atendimento de urgência.  

4. Crescimento do Mercado de Saúde e Bem-Estar

O Brasil enfrenta um envelhecimento demográfico crescente; dados do IBGE mostram que pessoas com 65 anos ou mais já somam cerca de 10,9% da população (Censo Demográfico 2022), um contingente que pressiona os sistemas de saúde e amplia a demanda por inovação em doenças crônicas, cuidados de longo prazo e bem-estar.  

5. Internet das Coisas Médicas (IoMT), Cibersegurança e Acessibilidade

Espera-se maior adoção de dispositivos conectados, sensores de monitoramento domiciliar, wearables e impressoras 3D para próteses personalizadas. Porém, o uso seguro dessas tecnologias dependerá de políticas robustas de proteção de dados, regulação de IA, interoperabilidade e acesso equitativo em todo o país.

Em suma, as tendências que se desenham para 2030, IA diagnóstica, genômica; telemedicina contínua; IoMT e mercado em expansão, não são simples previsões: já têm bases concretas no Brasil. O Genoma Brasil e o HCor, entre outros, mostram que a inovação pode sair do laboratório e transformar práticas clínicas, diagnósticos e políticas públicas. 

Para que essas transformações sejam sustentáveis, será essencial investir em regulação, capacitação, infraestrutura tecnológica e em modelos que garantam equidade. O futuro do cuidado não está no que ainda vai vir, mas no que já se constrói, e esse caminho só se completa quando alcança todos os cidadãos.

REFERÊNCIAS: HCor, Portal Gov, IBGE - Censo 2022, Agência de Notícias CNI