Aparelhos domésticos de eletrocardiogramas ampliam as possibilidades de monitoramento cardíaco

Avanços tecnológicos e tendências globais chegam ao Brasil, impulsionando a inovação em saúde preventiva

O acompanhamento de pacientes com doenças cardiovasculares crônicas sempre foi um desafio. A necessidade de consultas frequentes, exames periódicos e a constante vigilância sobre sinais de risco comprometem a qualidade de vida dos pacientes e sobrecarregam o sistema de saúde. Nesse contexto, dispositivos de monitoramento cardíaco portátil estão ganhando espaço como alternativas de cuidado contínuo, integradas às rotinas de prevenção.

Entre as soluções disponíveis, um dos destaques é o eletrocardiograma portátil da Omron Healthcare, multinacional japonesa reconhecida mundialmente no desenvolvimento de equipamentos médicos e de bem-estar. O dispositivo foi projetado para unir praticidade e tecnologia: além de medir a pressão arterial, ele realiza um eletrocardiograma (ECG) em cerca de 30 segundos, com dados enviados diretamente para o celular por meio de um aplicativo. Leve, compacto e de uso simples, o aparelho pode ser utilizado tanto em farmácias quanto em casa, ampliando o acesso a exames que antes dependiam de agendamento e estrutura hospitalar.

O desenvolvimento do equipamento foi motivado por diretrizes internacionais, como a da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), que em 2021 recomendou a realização regular de eletrocardiogramas para pacientes acima de 65 anos ou pertencentes a grupos de risco. A fibrilação atrial, por exemplo, é uma arritmia associada ao envelhecimento e à hipertensão arterial, que pode afetar até 8% da população acima de 65 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Essa condição está ligada a maior risco de AVC e ainda é subdiagnosticada no Brasil, o que reforça a relevância de ferramentas de rastreamento acessíveis.

Na prática, o equipamento já demonstra impacto positivo. Em estudo conduzido pela SBC, com 408 participantes acima de 65 anos, 3,2% foram diagnosticados com fibrilação atrial e quase 30% foram classificados como de alto risco para a condição, dados que mostram como o uso do ECG doméstico pode apoiar estratégias de prevenção e diagnóstico precoce. Ainda assim, especialistas ressaltam que o dispositivo não substitui o eletrocardiograma tradicional, realizado em consultórios e hospitais, mas se apresenta como um recurso complementar, capaz de ampliar a frequência de registros cardiográficos e oferecer subsídios adicionais para o acompanhamento clínico.

No Brasil, onde as doenças cardiovasculares permanecem entre as principais causas de mortalidade, a chegada desse tipo de tecnologia ao varejo farmacêutico representa um marco importante. Apesar do preço médio do aparelho girar em torno de R$ 1.500 — fator que pode limitar o acesso em larga escala —, o movimento sinaliza avanços na democratização do monitoramento cardíaco e reforça uma tendência global: a incorporação de soluções digitais que integram inovação, prevenção e cuidado personalizado.

A evolução desses recursos mostra que o cuidado cardiovascular caminha para um modelo cada vez mais preventivo, conectado e centrado no paciente. O Brasil, ao adotar e difundir tecnologias como essa, se posiciona dentro das tendências internacionais de saúde digital, acompanhando a transformação do setor e abrindo espaço para um futuro em que tecnologia e medicina caminham lado a lado na redução dos impactos das doenças do coração.